quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O vestido rosa, celebridade universitária do preconceito.

O Brasil é um país complexo, com muitas faces. É o país com o maio número de católicos no mundo, com a maior festa pagã do mundo. É um país com muitas hipocrisias e ambigüidades.

A garota que foi expulsa de uma universidade pelos colegas é exemplo disso. Todo brasileiro gosta de ir pra praia, tomar sol e ver mulher bonita na areia. Adoram propaganda de cerveja com mulher seminua. Coisa bem boa ver um mulherão de biquíni sambando e rebolando. Mas “deus me livre” de ver uma gostosa de vestido curto na minha sala de aula.
A Universidade é lugar de conscientização, construção de conhecimento, transcendência, pensamento crítico, aprendizagem sobre teorias e teóricos, sobre si mesmo e seu lugar na sociedade, no mundo e no universo como ser humano. Certo? Teoricamente, de acordo com alguns pensadores deste século. Na vida real é diferente.

Mas, de maneira alguma, deveria ser lugar de ‘esculacho’ e humilhação. É impressionante o nível de histeria que chegaram os alunos. Mas não considero uma conduta aceitável de universitários.

A garota talvez tenha direito de processar a universidade, mas a instituição poderia também processar os alunos que instigaram o fenômeno irritadiço e vergonhoso que marcará por um bom tempo sua reputação.

Este tipo de comportamento infantil não foi criado pela universidade, os alunos tiveram anos de história pessoal que os fizeram o que são hoje, que os levaram a tal comportamento preconceituoso e imoral.

Alguns dizem que a estudante era garota de programa. Pouco importa. Todos somos iguais e merecedores de respeito. Os estudantes que sentiram sua integridade ameaçada pelo vestido rosa (que nem era tão mini assim, convenhamos, já vimos coisas mais curtas na rua) nunca entraram em um site com conteúdo impróprio para menores? Nunca? Nunca passaram a mão, sem querer, na bunda de alguma garota em uma festa? São pessoas completamente “decentes”, íntegras e imaculadas para se sentirem no direito de julgar e fazer o que fizeram?

Essa é mais uma mancha na educação brasileira. Desta vez não se culpa a direção, os políticos, os professores, os coordenadores... Mas sim os alunos. Os futuros profissionais que pertencem a uma classe especial de pessoas, uma classe a que somente a minoria da população pertence. Ambíguos e especiais preconceituosos, formados em curso superior.

Um comentário: